terça-feira, 24 de janeiro de 2012

LITURGIA / ANO B - 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 29/01/2012

* O Poder de Deus! *

1ª Leitura: Dt 18,15-20 - Farei surgir um profeta e porei em sua boca as minhas palavras.// 2ª Leitura: 1Cor 7,32-35 - O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor.// Evangelho: Mc 1,21-28 - Ensinava como quem tem autoridade.//

Assim falou Moisés ao povo: "O Senhor teu Deus, suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: a ele deverás escutar" [1ª Leitura]. Na realidade, a série dos profetas continuou ininterrupta para anunciar ao mundo a palavra de Deus e se encerrou com aquele que não é um dos profetas, mas sim o Profeta. Jesus não somente tem nos lábios as palavras de Deus, mas é a própria Palavra encarnada, o Verbo divino. Transmite aos homens tudo que o Pai lhe ordena, tudo o que ouviu do Pai (Jo 15,15). Refere Marcos que quando Jesus foi à sinagoga de Cafarnaum e "começou a ensinar", seus ouvintes "maravilhavam-se… porque ensinava como quem tem autoridade" [Evangelho].

Impõe-se a pergunta: em que consistia aquilo que fez o povo dizer "Ele ensina como quem tem autoridade". Será que ele usava palavras mais sábias? Será que a veemência da sua voz intimidava os pequenos e ignorantes? Certamente que não. Brigar e gritar são próprios de quem tem necessidade de esconder sua insegurança. Os teólogos dizem com boas razões que a autoridade de Jesus se origina de seu poder. "Quem é este homem que tem em si o poder de Deus?" Jesus simplesmente em tudo que ele fazia e era, se constituía o oráculo vivo de Deus. Ele é a Palavra eterna de Deus. Ele é o Homem Novo que renova o mundo exatamente porque é o Homem-Deus. Nele a revelação e a comunhão de Deus com os homens chegam ao máximo. Esta plenitude do dom de Deus exige uma resposta na mesma medida da parte do ser humano. Como negar a Deus que tanto se dá aos homens, o direito de ocupar o lugar de primazia em nossas almas?

Trata-se de um dever imprescindível para todos os fiéis. Entretanto há gradações. Admitindo São Paulo que, unidos pelos deveres familiares, não podem os cônjuges dar-se ao serviço de Deus com a liberdade dos consagrados, louva e aconselha a virgindade a estes que permite ocuparem-se assiduamente das coisas do Senhor com um coração não dividido [2ª Leitura].

O Evangelho da missa de hoje fala-nos da ordem que Jesus dá aos maus espíritos para se calarem. Não nos interessa tanto se o mundo antigo tinha ou não uma facilidade exagerada de ver em muitas coisas o demônio. Interessa que Jesus vê o mal como uma potência imensa, o único poder capaz de ir contra o Reino de Deus. O mal tem em si uma estupenda unidade, porque se estivesse dividido em si, não poderia durar. O princípio mais unitivo de todo o mal é a sua fundamental oposição ao bem, sua contradição a Deus. Entretanto, a entrega a Jesus por amor, vence a partir da raiz toda a maldade que ainda queira subsistir em nossas almas. O mal deste mundo, o ódio dentro de uma humanidade feita para viver no amor e na paz, resulta na sua incapacidade de ser feliz. Tudo isto tem em si uma face inexplicável, uma força incurável, quando se tenta resolver o mal do mundo com todos os remédios da sabedoria humana. Só Deus pode nos salvar do mal.

De fato, "o espírito imundo agitou-o violentamente, deu um grito e saiu do possesso". Pelo "cala-te", Jesus anuncia seu poder sobre o mal. Por isso devemos dar todo o seu sentido à última das súplicas que Cristo nos ensinou no Pai-Nosso: "Livra-nos do mal…" A luta entre o Reino da Luz e o Poder das Trevas não é um litígio de palavras loquazes, mas é a vitória da graça sobre o pecado. Cristo veio para destruir o corpo do pecado que é a raiz do mal da humanidade, por meio de sua morte de Cruz. Nas palavras do apóstolo São Paulo encontramos ainda esta certeza: "A minha palavra e a minha pregação nada tinham da persuasiva linguagem da sabedoria humana, mas eram uma demonstração de Espírito e poder, a fim de que a vossa fé não se apóie sobre a sabedoria dos homens, mas sobre o poder de Deus" (1Cor 2,4-5).

[Fontes: "Falar com Deus", "Intimidade Divina", "A Palavra de Deus no Anúncio e na Oração" / adaptação: Dr. Wilson]