segunda-feira, 21 de novembro de 2011

LITURGIA / ANO B - I DOMINGO DO ADVENTO – 27 / NOV / 2011


* Ir ao encontro de Cristo *

1ª Leitura - Is 63,16-17.19;64,2-7: “Ah! se rasgásseis os céus, se descesseis”.// 2ª Leitura - 1Cor 1,3-9: Ação de graças pelos carismas recebidos.// Evangelho - Mc 13,33-37:Vigiai, pois não sabeis quando virá o dono da casa. //

Talvez alguém já tenha tido a experiência de caminhar na noite, fixando avidamente o olhar numa luz longínqua. Como é difícil avaliar as distâncias em plena escuridão! Tanto pode haver alguns quilômetros até o lugar do nosso destino, como apenas uma centena de metros. Era essa a situação em que se encontravam os profetas quando olhavam para o futuro, a espera da redenção do seu povo. Não podiam dizer, nem com uma aproximação de cem anos ou mesmo de quinhentos, quando é que o Messias chegaria. Só sabiam que um dia a estirpe de Davi voltaria a florescer que um dia encontrariam a chave que abriria as portas da prisão; que a luz que avistavam apenas como um ponto nebuloso no horizonte haveria de ampliar-se por fim, até se transformar num dia perfeito.

A Igreja nos põe de sobreaviso com quatro semanas de antecedência a fim de que nos preparemos de novo para o Natal em que é celebrada a chegada do Senhor. Se notarmos que a nossa visão está embaçada e não distinguimos com clareza essa luz que procede de Belém, é o momento de afastar os obstáculos. É tempo de fazer com especial atenção o exame de consciência e de melhorar a nossa pureza interior para receber a Deus.

É o momento de discernir as coisas que nos separam Dele e de lançá-las para longe de nós. Como neste tempo queremos de verdade aproximar-nos mais de Cristo, examinaremos a fundo a nossa alma. Encontraremos aí os verdadeiros inimigos que se empenham sem tréguas em manter-nos afastados de Deus: "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" [1Jo 2,16]. Quando chegar o Natal, Jesus terá de encontrar-nos atentos e de alma bem disposta. Toda a existência do homem é uma constante preparação para o encontro definitivo com Cristo, que cada vez está mais perto.

Com o 1º Domingo do Advento, começaremos mais um ano litúrgico (ciclo B), durante o qual celebraremos, com espírito sempre novo, a pessoa de Jesus Cristo e sua ação salvadora. A 1ª leitura é uma súplica enfática pela vinda do Senhor: "Ah, se rasgásseis os céus, se descesseis!" É também um convite ao arrependimento e a conversão para que Deus, que sai ao encontro de quem pratica a justiça e se recorda de seus caminhos, apague nossas culpas e sejamos salvos. Esse mesmo otimismo esperançoso introduz-nos na 2ª leitura na qual São Paulo manifesta sua ação de graças a Deus pela abundância de carismas com os quais enriqueceu a vocação dos fiéis em Cristo. Sabemos em quem confiamos: "O Senhor é fiel e nos manterá firmes até o fim", se o procurarmos em oração.

No Evangelho acentua-se o tema da vigilância cristã. Para mantermos este estado de vigília é necessário lutar, porque a tendência de todo o homem é viver de olhos cravados nas coisas da terra. Especialmente neste tempo do Advento, não deixemos que os nossos corações fiquem ofuscados pelos excessos do comer, do beber e pelos negócios desta vida, perdendo assim de vista a dimensão sobrenatural que devem ter todos os nossos atos. São Paulo compara esta vigilância sobre nós mesmos com a guarda montada pelo soldado bem armado que não se deixa surpreender. Maria, que é a nossa esperança, nos ajudará a melhorar neste tempo do Advento. Ela espera com grande recolhimento interior o nascimento de seu Filho que é o Messias, e junto d'Ela será bem mais fácil preparar a nossa alma para a chegada do Senhor.

[Fontes: ''Falar com Deus", ”Nas Fontes da Palavra"," Intimidade Divina " e “L'OSSERVATORE ROMANO" / adaptação: Dr. Wilson]


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Solenidade de Cristo Rei do Universo


* Jesus Cristo, Rei do Universo *

1a Leitura - Ez 34,11-12.15-17: Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repusar. // 2a Leitura - 1Cor 15,20-26.28: Entregará a realeza à Deus Pai, para que Deus seja tudo em todos.// Evangelho - Mt 25,31-46: Em verdade eu vos digo: o que fizestes a um dos menores de meus irmãos, a mim o fizestes. //

Ainda que as festas da Epifania, Páscoa e Ascensão sejam também festas de Cristo Rei, a de hoje foi especialmente instituída para nos mostrar Jesus como Senhor de nossas almas e de todas as coisas criadas. Nas semanas anteriores a liturgia falava-nos dos "últimos tempos", prenunciadores do “dia do Senhor”. Hoje mostra-nos esse dia à luz de Cristo que se exprime, não somente como libertador, mas também como mestre da verdade e pastor que nos conduz. Na 1ª leitura o profeta Ezequiel anuncia que Deus se encarregará de seu povo assumindo-o com a mansidão e bondade de um pastor. A imagem do pastor e das ovelhas tem profunda raiz bíblica no Antigo e Novo Testamento. A profecia de Ezequiel cumpre-se em Jesus, o bom Pastor (Jo 10,11-18), que vai a busca da ovelha perdida para reunir todo o seu rebanho, manifestando a face do Deus misericordioso e compassivo.  Quanto se tenta considerar o critério de avaliação de cada um no encontro com o Cristo ressuscitado, pouco nos auxiliam as imagens que as experiências terrenas nos proporcionam acerca de julgamentos e de juízes. Nem o estilo do tribunal “justiceiro” nos tempos revolucionários, nem a serena (e freqüentemente lenta) justiça comum, dão-nos pistas adequadas sobre os critérios divinos de juízo. A primeira forma impõe muitas vezes castigos exemplares, geralmente drásticos e a segunda, no melhor dos casos, não supera a fria imparcialidade de uma balança. Nosso Rei é absolutamente original e está acima de qualquer outro tribunal, pois de antemão, escolheu para si mesmo "o caminho do despojamento e da humilhação". Ocultou sua glória na obscuridade da pobreza e da cruz e, até seu retorno durante esta história, mantém oculta sua glória na pessoa dos pobres e excluídos, nos quais se faz presente entre nós de maneira singular. "Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Em verdade vos digo que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Evangelho). Um ar de confiança nos domina no encontro definitivo com Cristo. Aquele que adquiriu na cruz seu cetro real simplesmente nos pede o caminho da humildade e do amor. Aquele que nos levantará dos sepulcros tem como principal missão de amor entregar a humanidade redimida ao Pai (2ª leitura), um reino de ressuscitados. A parábola do Evangelho sobre o ‘juízo divino’ mostra que para Deus só importa o amor ao irmão, como bem nos lembra São João da Cruz: "No entardecer da vida seremos examinados sobre o amor". O próximo é assim a tela panorâmica de nossa vida, o vídeo onde lemos nossa conduta, o espelho para recompor nossa figura cristã, porque "quem não ama o irmão a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê" [1 Jo 4,20]. É ver Cristo em nossos irmãos. A solidariedade efetiva diante da dor alheia é o termômetro de nosso cristianismo. Para Jesus (e para nós) o único sofrimento que conta é o sofrimento em função do sofrimento do próximo. Jesus é o “Biófilo” (amigo da vida) – veio para que tenhamos vida e vida em abundância.

[Fontes: Palavra de Deus e Nova Evangelização, Falar com Deus, Intimidade Divina e L'OSSERVATORE ROMANO / adaptação: Dr. Wilson]

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

LITURGIA / ANO A – 33º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 13/ NOV / 2011

* Dar frutos para Deus! *

1aLeitura: Pr 31,10-13,19-20.30-31: Com habilidade trabalham suas mãos.// 2aLeitura: 1Ts 5,1-6: Que esse dia não vos surpreenda como um ladrão.// Evangelho: Mt 25,14-30: Foste fiel na administração deste pouco, vem participar de minha alegria.


A liturgia deste domingo fala sobre os frutos que produzimos para Deus durante nossa vida a partir dos talentos que Dele recebemos, aproveitando bem o nosso tempo e vivendo na perspectiva da chegada do "dia do Senhor", isto é, quando iremos ao encontro de Cristo. Ponto de partida é a 2ª Leitura em que São Paulo declara ser inútil indagar quando virá o dia do Senhor. A imagem empregada por Jesus diz que virá esse dia como de improviso, "como um ladrão à noite". Quando será e como, só Deus o sabe. Com relação aos nossos frutos para Deus, o significado da parábola dos talentos (Evangelho) é claro.

O patrão, isto é, Cristo está "viajando". “Financista” a sua maneira, pôs seus bens "para render", entregando-os a nós para administrá-los até sua volta. O fato de o Senhor estar (aparentemente) ausente não nega que Ele continua sendo o Senhor a quem tudo pertence. Nós somos os servos, os talentos são as condições com que Deus dotou a cada um de nós, com os bens temporais, a inteligência, a capacidade de amar e de fazer os outros felizes... O tempo que dura a ausência do amo é a duração da vida; o regresso inesperado, a morte; a prestação de contas, o juízo; entrar na alegria do Senhor significa a vida eterna. Foi nos dada uma vida com suas forças físicas e espirituais: "Que tens que não tenhas recebido? E se o recebeste, de que te glorias, como se não o tivesses recebido"? (1 Cor 4,7).


Na parábola, o esforço do primeiro e segundo servos para tornar produtivo o dinheiro de seu senhor, se contrapõe à atitude do terceiro que procede de maneira totalmente diferente, cavando um buraco e lá escondendo o dinheiro recebido. A cena principal da parábola trata do ajuste de contas na volta do patrão. Com os dois primeiros servos eficientes na administração dos bens que receberam, o julgamento do patrão mostra claramente que o mais importante é a fidelidade ao engajamento. No entanto, o ajuste de contas com o servo inoperante, mostra que o seu mal foi não ter aceitado o dom da potencialidade que Deus lhe confiou. Apressa-se a devolver o que nunca se tornou seu. O dom de Deus só pode se tornar nosso quando abandonamos o nosso próprio ser a este Deus doador. A verdadeira fé é "correr o risco" que o dom de Deus implica. Esconder o talento na terra "para que ele não se perca" é uma maneira de não se comprometer com Deus. "Pois quem quiser salvar sua vida a perderá, mas aquele que perder sua vida por minha causa, a encontrará" (Mt 16,25).


Quem enterra o seu talento, por medo de perdê-lo, enterra a si mesmo por causa de seu medo. Quantos medos esterilizam uma vida! Só deve existir um temor autêntico: o de não dar fruto, o de pretender viver a fé sem as obras de caridade e serviço. A mulher ideal, a qual o Livro dos Provérbios descreve com os matizes culturais da época (1ª leitura), é um protótipo concreto de serviço na família e na sociedade, e que continua aplicável em nossos dias. "Eu dormia e sonhava que a vida era alegria; despertei e vi que a vida era serviço; servi e compreendi que o serviço era alegria" (Rabindranath Tagore). A nossa vida é breve. Que pena pode ser "matar o tempo", ou se o empregamos mal e não tiramos proveito de nossos talentos. Aproveitar o tempo é levar a cabo o que Deus quer que façamos em cada momento, todos os dias, realizando as boas obras para as quais fomos preparados.

[Fontes: A Palavra de Deus no Anúncio e na Oração, Falar com Deus, Intimidade Divina e Palavra de Deus e Nova Evangelização / adaptação: Dr. Wilson]

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

LITURGIA / ANO A – 32º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 06 / NOV / 2011

* Solenidade de Todos os Santos e Santas *
1ª Leitura - Ap 7,2-4.9-14: "Ví uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas."// 2ª Leitura - 1Jo 3,1-3: "Veremos a Deus tal como Ele é". // Evangelho Mt 5,1-12: "Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus".


A festividade de Todos os Santos celebra a plenitude da vida cristã de seus filhos, pedras vivas da Igreja de Cristo. “Eis os que vêm da grande tribulação…” (1ª Leitura) aqueles que lutaram pela defesa da fé, os santos da Igreja. Não são unicamente os santos canonizados, mas também outros, bem mais numerosos e ignorados que souberam, “com o auxílio de Deus, aperfeiçoar durante a vida, a santidade recebida no batismo” (Lumen Gentium, 40). São anônimos e constituem uma multidão incontável de toda raça e nação descrita pelo Apocalipse. Santidade oculta, vivida nas circunstâncias comuns da existência, nas cruzes e trabalhos do quotidiano, sem gestos de atrair a atenção e sem esplendor aparente, mas preciosa e real.  Agora eu me alegro nos meus sofrimentos por vós e completo na minha carne – diz o apóstolo Paulo - o que falta das tribulações de Cristo pelo seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24).

Não se trata de acrescentar algo à obra redentora de Cristo, mas de sofrer as tribulações de Jesus porque o mestre foi o primeiro a sofrê-las pelo anúncio do reino, e também porque Jesus vive no seu discípulo, chamado a partilhar da sorte de seu Senhor: “Levamos em nosso corpo os sofrimentos de Cristo, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2 Cor 4,10). “Exorto-vos, pois, irmãos, pela misericórdia de Deus, a oferecer os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus e este é o culto espiritual que lhe deveis prestar” (Rm 12,1). “Com Cristo estou cravado na Cruz; e já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (Gl 2,19-20).

Santo Agostinho exorta também a todos os cristãos, à vocação de sofrer em comunhão com Cristo e em benefício da comunidade eclesial (do lat. ecclesia, igreja). A condição dos santos não era, nem é impecável, assim como a da comunidade eclesial que é santa e pecadora ao mesmo tempo. Portanto, a santidade é resultado da ação de Deus unida à resposta do homem. Mas a fonte e a iniciativa estão em Deus: “Vejam que amor o Pai nos tem; somos chamados filhos de Deus! E nós o somos!”(2ª Leitura). A santidade é a obediência da fé, tarefa de amor responsável que responde ao próprio amor que Deus nos dá e pode acontecer nas situações simples do dia-a-dia. “Ser santo significa santificar o seu trabalho e santificar os outros com seu trabalho, e assim encontrar a Deus no caminho da vida” (S.J. Escrivá).

Cristo pede a todos que sejam perfeitos como seu Pai celestial é perfeito (Mt 5, 48), exortando ao caminho das bem-aventuranças no Evangelho da missa. Sua vivência, inserida nas condições concretas da vida humana, constituem o melhor caminho para a santidade. Das nove bem-aventuranças, cinco delas têm relação direta direta com o sofrimento e as outras quatro exigem grande espírito de sacrifício! Ninguém consegue ser manso, misericordioso, puro de coração e pacífico, sem luta contra as próprias paixões, sem se vencer para aceitar serenamente situações difíceis e semear em toda parte amor e paz. O caminho das bem-aventuranças é o percorrido pelos santos. De modo superlativo percorreu-o Jesus, que quis tomar sobre si todas as misérias e tribulações humanas para ensinar-nos a santificá-las.

[Fontes: “Falar com Deus”, “Nas Fontes da Palavra” e “Intimidade Divina” / adaptação: Dr. Wilson]