sábado, 24 de dezembro de 2011

LITURGIA / ANO B – DOMINGO DO NATAL – 25 / DEZ / 2011


1ª Leitura – Isaías 9,1-6: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz// 2ª LeituraTito 2,11-14: Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser.// EvangelhoLucas 2,1-14: Nasceu um Salvador, que é o Cristo Senhor.// 

Divisaram os profetas à distância de séculos este dia de Natal e o descreveram com uma profusão de imagens: “O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz (Is 9,1); Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz:” (Is 9,5). A profecia de Isaías ultrapassa a perspectiva de um novo Davi enviado por Deus para libertar seu povo e se projeta em Belém a iluminar o nascimento, não de um rei poderoso, mas do verdadeiro Salvador da humanidade. A luz que dissipa as trevas do pecado, da escravidão e da opressão é o Messias, portador de liberdade, de alegria e de paz: ”Hoje vos nasceu na Cidade de Davi (Belém) um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Evangelho). Naquele menino, o novo povo de Deus possui o Messias esperado há séculos. A antiga esperança tornou-se imensa realidade. Contempla-a comovido São Paulo na carta a Tito (2ª Leitura) e exclama: “Manifestou-se, com efeito, a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. Veio para nos ensinar a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade(Tt 2,11-12). Manifestou-se no humilde menino que repousa no colo da Virgem Mãe. É Ele o nosso Deus, Deus conosco, feito um de nós. Contemplando e adorando o nascimento de Jesus, vive o cristão aberto a esperanças eternas na expectativa de encontrar-se um dia com o seu Senhor.
         É Natal! O Evangelho que nos é proposto neste domingo narra o grande acontecimento esperado por toda a humanidade: “Hoje vos nasceu um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11). O texto bíblico é fortemente caracterizado por um grande contraste. Enquanto se esperava uma vinda majestosa, o Salvador veio ao mundo de uma forma inesperada. É neste contraste, pois, que vamos descobrir um dos maiores ensinamentos que o Natal do Senhor nos pode dar. O que imediatamente chama a nossa atenção neste acontecimento é a simplicidade. Na sua grandeza infinita, Deus se abaixa não só à condição humana, mas em qual condição seu Filho veio ao mundo! O Salvador que entrou na nossa condição humana a partir da fraqueza de um menino enrolado em panos, está do nosso lado e nos acompanha. Em contraste com essa pobreza, surge o esplendor da luz celeste com o Anjo de Deus anunciando aos pastores que tomavam conta de seus rebanhos, mas o sinal que recebem é simplesmente este: “Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12). Aos pastores que estão com muito medo, o Anjo anuncia uma grande alegria. Realmente, eles têm um grande motivo para se alegrarem: nasceu para eles e para todo o mundo o Salvador. A maravilha do Natal reside neste contraste: sem a revelação dos Anjos nunca entenderíamos que aquele menino na manjedoura é o Senhor. E sem o menino na manjedoura nunca entenderíamos que a glória do verdadeiro Deus é diferente da glória que estamos acostumados. Que possamos ser humildes e simples para que o Senhor, neste Natal, venha ao estábulo do nosso coração e assim possamos amá-lo na pessoa do próximo como nos ensina tão bem Madre Teresa de Calcutá: “Da humildade sempre emanam a grandeza e a glória de Deus. Devemos estar vazios do orgulho se quisermos que Deus nos preencha com a sua plenitude". Celebra verdadeiramente o Natal quem acolhe em si o Senhor com amor e fé, deixando-o viver em seu próprio coração, para que possa manifestar-se ao mundo através de sua bondade e benignidade para com todos. 
 [Fontes: "Intimidade Divina" e "Lectio Divina - Missa do Natal do Senhor, 25-12-2009 - Pe. Carlos Henrique " / adaptação: Dr. Wilson]

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

LITURGIA / ANO B – IV DOMINGO DO ADVENTO – 18 / DEZ / 2011


* Preparar o Natal com a Mãe de Deus *

1ª Leitura - 2 Sm 7,1-5.8-12.14-16: O teu reino será estável para sempre diante de mim, diz o Senhor.// 2ª Leitura - Rm 16,25-27: O mistério mantido em sigilo desde sempre, agora foi manifestado.// Evangelho - Lc 1,26-38: Eis que conceberás e darás à luz um filho.//  


No coração do advento e à medida que nos aproximamos do Natal, a liturgia dá realce à pessoa de Maria que, juntamente com o profeta Isaías e João Batista, predominam neste período de espera da vinda do Senhor. Ao considerar o amor com que a Mãe esperou o Filho, nos sentiremos animados em tomá-la como modelo para ir ao encontro do Cristo que vem. A 1ª Leitura mostra-nos como Deus preparou e conduziu a história do povo eleito para nos dar o messias redentor. Desejava o rei David construir "uma casa", um templo para o Senhor. A resposta de Deus a David revela certa ironia: "És tu que me vais construir uma casa para que eu more nela?” Como se dissesse: "Não me digas! Por ventura és tu que me construirás uma casa para Eu habitar? Eu que sempre estive contigo em todos os teus empreendimentos e exterminei teus inimigos? “Eu construirei para ti uma casa”. E Deus cumpriu. Edificou uma casa sua no mundo dos homens, entroncada na dinastia de Davi. Sua casa é Jesus, o Cristo, ontem, hoje e sempre, o novo e eterno templo para uma humanidade nova. Não a construiu o homem. Foi Deus que a edificou. A nova casa edificou-se no coração e numa resposta humana de fé:- o "sim" de Maria (Evangelho). Maria é o terreno no qual Deus edifica sua casa. É o modelo para que possamos ser terreno apropriado, sobre o qual se possa levantar a construção do Espírito. Um terreno preparado. Um terreno limpo, despojado de erva daninha, de pedras, de velhas construções. Um terreno livre, não possuído por ninguém, totalmente disponível, reservado em sua totalidade para a nova construção. Essa reserva, esse esvaziamento e pureza, expressam o significado da virgindade no seu sentido mais profundo. Simboliza um coração humilde, desprendido, fixado só em Deus e no que Ele quiser edificar em nós e conosco. O que acontece com Maria ilumina o ser cristão e a missão dos cristãos, nascidos de Deus. Ela é o terreno bem preparado no qual Deus edifica a casa nova que é Jesus em nós, o Emanuel (que significa Deus conosco). É Cristo que se torna vivo em nós, transformando o homem velho em novo, à sua semelhança. A encarnação é o mistério pelo qual Deus, ao fincar sua tenda no meio de nós, uniu-se a cada um dos homens para transformar interiormente a nossa vida e fundamentar a dignidade de cada um e a fraternidade universal. A encarnação de Jesus no seio de Maria é o centro de gravidade da Igreja, mistério de comunhão com a Trindade e todos os santos e irmãos em Cristo que peregrinam nesta vida, animados e sustentados pela fé, esperança e caridade. O "Faça-se" que Deus proclamou, criou do nada todas as coisas. O "Faça-se" de Maria deu possibilidade à redenção de todas as criaturas... É Maria o templo da Nova Aliança, muito mais precioso que o templo que Davi desejou construir ao seu Senhor. Ela é templo vivo que encerra não a arca santa, mas o Filho de Deus. Entusiasma-se São Paulo na 2ª leitura ante tão grande mistério, "guardado em segredo durante os séculos, mas revelado agora e anunciado mediante as Escrituras, por ordem do eterno Deus, a todas as nações". O espírito do advento consiste em boa parte em vivermos muito unidos à Maria neste tempo em que Ela traz Jesus no seu seio. Mas a nossa vida é também toda ela um "advento" um pouco mais longo, uma espera desse momento definitivo em que nos encontraremos finalmente com o Senhor para sempre. E, neste sentido, o cristão deve também viver este outro "advento" bem junto da Imaculada durante todos os dias da sua vida, se quiser acertar com segurança no único fato verdadeiramente importante da sua existência: encontrar Cristo já, agora e depois, na eternidade.  

[Fontes: "Intimidade Divina"; "L 'Osservatore Romano"; "Falar com Deus" e "Palavra de Deus e Nova Evangelização” / adaptação: Dr. Wilson]

sábado, 10 de dezembro de 2011

LITURGIA / ANO B - III DOMINGO DO ADVENTO – 11 / DEZ / 2011


* Alegrai-vos no Senhor!*
1ª Leitura - Is 61,1-2.10-11: “Exulto de alegria do Senhor”.// 2ª Leitura - 1Ts 5,16-24: “Vosso espírito e vosso corpo sejam conservados para a vinda do Senhor”.// Evangelho - Jo 1,6-8.19-28: “No meio de vocês está aquele que vós não conheceis”.// 


A liturgia deste domingo coloca-nos já na expectativa da festa do Natal que se aproxima, trazendo-nos a consciência e a alegria de que Jesus se torna especialmente presente no meio de nós. A 1ª leitura profetiza a missão que o Messias realizará na humanidade levando a Boa Nova aos humildes, curando as feridas da alma, confortando os desanimados, anunciando a liberdade aos cativos... Quando Jesus ler este trecho na sinagoga de Nazaré [Lc 4,17-21], ele o aplicará sobre si mesmo. Nele, de fato, cumpriu-se plenamente a profecia porque somente ele tem poder de salvação universal, que pode sanar as misérias da humanidade. O salmo de meditação é extraído do Magnificat, retomando a Igreja os sentimentos de Maria (tão presente no Advento), que nos mostra como responder à mensagem de otimismo que o Senhor nos manda na 1ª leitura. Também São Paulo, na 2ª leitura, exorta os cristãos a se manterem irrepreensíveis até o dia em que o Senhor vier. Ser irrepreensível significa evitar tudo quanto possa ser motivo de repreensão ou, de modo mais positivo, viver em conformidade com o espírito do Evangelho na alegria, oração e ação de graças, "não deixando apagar o Espírito" porque este é o alento de vida! No Evangelho ouvimos a pregação de João Batista: suas palavras convertem uns, perturbam a outros. Segundo seu testemunho, o Messias já veio, já se encontra em meio ao povo sem que ninguém o perceba. Estas palavras do Batista hoje ressoam ainda dolorosamente atuais: "No meio de vós está alguém que vós não conheceis" (Jo 1,26). Está Jesus no meio de nós, na sua Igreja, na Eucaristia, na sua graça que o torna operante nos batizados. Mas o mundo não o conhece porque fecha os olhos à sua presença, e também porque são poucos os que vivenciam um autêntico testemunho evangélico, que revele a bondade do Salvador. Muitas vezes a comunhão com ele é superficial, sem a necessária profundidade e pouco alimentada pela oração. No Advento encontramos em João Batista o modelo da testemunha de Cristo que, com sua fé vigorosa, vida austera, humildade e caridade, veio "para dar testemunho da luz, a fim de todos cressem por meio dele". A humanidade hoje como em todos os tempos necessita de motivos para estar alegre. Às vezes desfrutamos de boa saúde, tudo vai bem na família e no trabalho, temos amigos e podemos aproveitar muitas coisas boas. Entretanto a experiência mostra-nos que muito freqüentemente os motivos humanos para estar alegres são temporais e podem desaparecer em nosso horizonte terreno: perdemos a saúde, temos conflitos familiares e os problemas econômicos nos aborrecem. Em meio aos desencantos da sociedade em que vivemos pela insegurança nas cidades, desemprego, ruptura familiar e conjugal, drogas, carestia de vida, vemos o homem moderno, que centralizou toda a sua felicidade egoísta no ter e no gastar, ser vítima de seu próprio invento: a sociedade do bem-estar e de consumo. Talvez os homens do tempo de João Batista não fossem tampouco mais felizes do que em nossos dias. Mas, venturosamente, Cristo vem para curar os corações feridos. Preparemos o Natal junto de Maria. Procuremos também prepará-lo em nosso ambiente, fomentando um clima de paz cristã e propiciando muitas pequenas alegrias e demonstrações de afeto aos que nos rodeiam. A Virgem teve muitos contratempos ao chegar a Belém, cansada de uma viagem tão longa e sem encontrar um lugar digno onde seu Filho pudesse nascer; mas esses problemas não a fizeram perder a alegria da Boa Nova de que Deus se fez homem e habitou entre nós


[Fontes: ”Intimidade Divina”; ”L' Osservatore Romano”; ”Falar com Deus” e “Nas Fontes da Palavra” / adaptação: Dr. Wilson]

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

LITURGIA/ANO B - II DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO – 04 /DEZ /2011



* Preparando o caminho para Cristo *

1ª Leitura - Is 40,1-5.9-11: Preparai o caminho do Senhor.// 2ª Leitura - 2Pd 3,8-14: O que nós esperamos são novos céus e uma nova terra.// Evangelho - Mc 1,1-8: Endireitai as estradas do Senhor.//  

Das leituras bíblicas deste domingo se conclui que para a apressar a vinda do Senhor e de um novo mundo em que habite a justiça (2ª Leitura: 2 Pd 3,13), temos de preparar o caminho para Cristo (1ª Leitura e Evangelho). Assim, logo na 1ª Leitura, eleva-se pela boca do profeta Isaías um clamor: "Preparai no deserto o caminho do Senhor, nivelem-se os vales, rebaixem-se os montes e colinas…" (Is 40,3-4). O significado imediato desta profecia era o retorno do povo judeu do exílio na Babilônia, conduzido pela mão de Deus que se constituiu o Salvador de seu povo. Mas esta profecia tem como significado último a vinda do Messias que deverá libertar não só Israel, mas toda a humanidade da escravidão do pecado. Será ele o pastor que "apascenta o rebanho, reúne os cordeiros e carrega-os ao colo…" (Is 40,11). No Evangelho é repetido o brado de Isaías por meio do profeta João Batista, a voz que clama no deserto: “Traçai o caminho do Senhor, aplanai as suas estradas”. A figura austera do Batista confirma sua pregação: convida os homens a prepararem o caminho do Senhor, mas em primeiro lugar preparou-o ele em si mesmo, retirando-se ao deserto onde vive desapegado de tudo o que não é Deus! Só quem é capaz de descobrir seu exílio interior, pode colocar-se proveitosamente numa espera fecunda. Nesse ambiente de recolhimento torna-se viável a possibilidade de “rebaixar os montes e colinas do próprio orgulho, da resistência em perdoar as ofensas, da vaidade e ambição desmedida, do fechar-se a outros irmãos”. Plenamente consciente da missão que lhe foi confiada, João sabe que diante de Cristo não é digno sequer de "desatar-lhe as sandálias", função que na época era habitualmente delegada ao último dos criados. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo o seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer cristão. À medida que Jesus vai se manifestando, João procura ficar em segundo plano, ir desaparecendo. Sobre ele, se refere São Gregório Magno: "João Batista perseverou na santidade porque se conservou humilde em seu coração"; por isso mereceu aquele extraordinário voto de louvor de Cristo: "Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não apareceu um que fosse maior que João" (Mt 11,11). A atitude do Batista é uma enérgica advertência contra o desordenado amor próprio que sempre nos incita a colocar-nos indevidamente no primeiro plano. Sem humildade não poderíamos aproximar de Deus nossos amigos e então nossa vida ficaria vazia. Talvez o mundo de hoje, em muitos casos, também não espere nada, como outrora não esperava o Messias. Ou talvez olhe em outra direção, donde não virá ninguém. Muitos se acham debruçados sobre os bens materiais como se fossem o seu último fim; mas com eles jamais satisfarão o seu coração. Diz-nos Santo Agostinho: "Sabeis o que cada um de vós tem que fazer em casa, com o amigo, com o vizinho, com os dependentes, com o superior, com o inferior. Sabeis também de que modo Deus oferece as ocasiões, de que maneira abre a porta com a sua palavra. Não queirais, pois viver tranqüilos até conquistá-los para Cristo, porque vós fostes conquistados por Cristo". A nossa alegria será termos aproximado de Deus, como fez João Batista, muitos que estavam longe ou indiferentes, sabendo que é a graça divina e não a capacidade humana que consegue levar as almas para Cristo. Por isso torna-se urgente um esforço para crescer em nós a vida interior, de forma que o amor de Deus possa extravasar de nosso coração e contagiar os que passam ao nosso lado. Maria, mãe e mestra espiritual, será a ajuda decisiva para os nossos esforços de aproximar as almas dos irmãos para junto de seu filho Jesus.  

[Fontes: “Falar com Deus”, "Nas Fontes da Palavra" e "Intimidade Divina" / adaptação: Dr. Wilson]