sábado, 25 de junho de 2011

LITURGIA/ ANO A - 130 DOMINGO DO TEMPO COMUM- 26 / JUN / 2011

* Acolher a Cristo nos irmãos! *
1a Leitura - 2 Rs 4,8-11.14-16: É um santo homem de Deus, este que passa em nossa casa.// 2a Leitura - Rm 6,3-4.8-11: Sepultados com Ele pelo batismo, vivamos um nova vida.// Evangelho - Mt 10,37-42: Quem não toma a sua cruz, não é digno de Mim.//

A liturgia de hoje trata da virtude da hospitalidade iniciando com um exemplo do Antigo Testamento (1ª Leitura) que exalta a acolhida generosa com que o profeta Eliseu foi recebido por um casal de Sunam. Esse gesto espontâneo atrai para os esposos as bençãos de Deus que os alegra com a presença de um filho quando já não tinham esperanças pela sua idade avançada. As condições da vida moderna e o egoísmo sempre latente em nós tendem a fazer desaparecer a virtude tão humana e tão cristã da hospitalidade. Abrir as portas, acolher, partilhar o pão convidando para a mesa, não podem ser reminiscências do passado. Temos que saber encontrar maneiras para nos mantermos fiéis a estes gestos cristãos. No Evangelho ouvimos Jesus falar do acolhimento que dispensamos aos seus enviados, identificando-se com eles, mesmo os mais pequeninos. Receber alguém que vem em nome de Cristo é receber o próprio Cristo e, por isso mesmo, é receber o Pai de quem procede todo o bem. Esta advertência do Senhor deve ajudar-nos a abrir os olhos e saber descobrí-lo, não apenas nos que ostentam título oficial como seus representantes, mas em todos os outros, os pequeninos que pelo fato de o serem, podem passar junto de nós sem que nos demos por eles. O Evangelho ainda está ligado à missão que Jesus confiou aos Doze para anunciar a Boa Nova e revela o espírito que há de animar aqueles que desejam seguir Jesus. Embora Cristo insista nas obrigações de seus discípulos em relação aos pais e à família (Mt 5,27ss; 19,3ss), esse relacionamento não deve impedir a obediência do homem diante das exigências de Deus (Mt 8,21). "Vivos para Deus em Jesus Cristo" (2ªLeitura), os cristãos seguidores do Senhor não podem esquivar-se da cruz. À primeira vista, o homem moderno no afã de conseguir sua plena realização e na preocupação da afirmação de todos os valores humanos, ficará facilmente escandalizado com esta inaudita declaração de Jesus. Em lugar de diminuir esta exigência será necessário considerá-la com todo o seu rigor. Cristo não quer somente nosso serviço, nossas ofertas, nossos sacrifícios. Ele nos quer, a nós mesmos. Ele quer o sacrificio incondicional de nosso amor. Toda outra maneira de ver faria do cristianismo uma religião qualquer, uma simples ideologia. Seu evangelho traz a exigência, muitas vezes até de uma divisão: "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada..."(Mt 10,34s). Não se trata de comparar o amor aos pais com o amor a Jesus. Senão Cristo seria apenas um dentre nós; poderia ser o mais importante, mas ainda assim seria um entre muitos. Mas Ele é tudo. Ele é a causa da vida e da esperança. Ele é a razão de ser de todos os outros. Jesus não pode ser medido por ninguém. Ele é, na sua obediência ao Pai, a medida para todos. Por isso jamais o amor humano pode competir com aquilo que Ele é para nós e nós somos para Ele. Surge aqui um exame de consciência muito sério: aceitamos ou ignoramos o que Ele postula? Ou estamos acostumados a acomodar Deus e Jesus Cristo à nossa vida, aos nossos interesses? Jesus não se acomoda a nós. Torna-se então imprescindível deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e que consigamos ouvir e assumir o seu discernimento. Poderemos então entender como a exigência de amar Jesus acima dos laços humanos não é outra coisa do que nos situarmos na verdade. Somente optando por Ele com firme decisão, longe de perder a afetividade humana, esta reaparece amadurecida e a graça libertadora permite amar sem egoísmo, sem ciúmes, sem cansaço, sem fechar-se ao perdão. Vemos então que Deus não se coloca em nossa vida como um competidor afetivo, mas assume uma posição centralizadora que dignifica e fortalece todo o amor, ligando-o à sua fonte que é o próprio Cristo. Maria nos une a este Amor verdadeiro, o único capaz de vivificar todos os amores.

 [Fontes: Palavra de Deus e Nova Evangelização, L'OSSERVATORE ROMANO, Falar com Deus e A Palavra de Deus no Anúncio e na Oração /adaptação: Dr. Wilson]

sexta-feira, 10 de junho de 2011

LITURGIA / ANO A - DOMINGO DE PENTECOSTES - 12 / JUNHO / 2011

* A Vinda do Espírito Santo *
1a Leitura - At 2,1-11: Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar.// 2a Leitura - 1a Cor 12,3-7.12-13: Fomos batizados num único Espírito para formarmos um único corpo.// Evangelho - Jo 20,19-23: Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio: ‘Recebei o Espírito Santo’.//

 A festa litúrgica deste domingo celebra com grande alegria a vinda do Espírito Santo trazendo seus dons e frutos, festa conhecida também como o Dia de Pentecostes (do grego “penta” = cinco; “costes” = dezenas) por ocorrer cinco dezenas ou cinqüenta dias após o Domingo da Páscoa (24-04-2011). “Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos juntos num mesmo lugar. E sobreveio de repente um ruído do céu, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa em que se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles ”(1a leitura).

O Espírito Santo manifestou-se por meio de elementos já conhecidos do Antigo Testamento (AT) que costumavam acompanhar a presença de Deus: o vento e o fogo. O fogo aparece como imagem do amor que penetra todas as coisas e nas almas, como elemento purificador. O fogo também produz luz, e significa o novo resplendor com que o Espírito Santo faz compreender a doutrina de Jesus Cristo: “Quando vier o Espírito da Verdade, guiar-vos-á para a verdade completa.” No AT, a obra do Espírito Santo é também freqüentemente sugerida pela palavra “sopro”, a fim de exprimir ao mesmo tempo a delicadeza e a força do amor divino. Não há nada mais sutil que o vento, que penetra por toda a parte, que parece até percorrer os corpos inanimados e dar-lhes vida própria. O vento impetuoso do dia de Pentecostes exprime a nova força com que o Amor Divino irrompe na Igreja e nas almas. Pentecostes não é um dia, mas é o tempo da Igreja após a ressurreição de Cristo. Para sermos mais fiéis às constantes moções e inspirações do Espírito Santo na nossa alma, podemos atentar para três realidades fundamentais: disponibilidade, vida de oração e união com a cruz. Em primeiro lugar a disponibilidade, porque é o Espírito Santo quem, com suas inspirações vai dando tom sobrenatural aos nossos pensamentos, desejos e obras. É também necessária a vida de oração, porque a unidade com o Espírito Santo só provém de um diálogo constante com o Deus Uno e Trino. Por fim, é imprescindível a união com a cruz, porque a vida de Cristo e o Calvário precederam a Ressurreição e o Pentecostes, e esse mesmo processo deve se reproduzir na vida de cada cristão. O leigo cristão, "em suas condições ordinárias de vida familiar e social, é chamado por Deus a contribuir para a santificação do mundo, guiado pelo espírito evangélico, exercendo seu próprio ofício” (Concílio Vaticano II; LG 31).

Este espírito evangélico, que é o Espírito de Cristo, defronta-se com os espíritos mais diversos e contraditórios do mundo. Como se comportará o Espírito de Cristo perante o mundo que cada dia tenta prolongar a vida dos velhos, mas mata a vida de inúmeros irmãos ainda não nascidos? Um mundo que, ao fim da sua sombria glória, recorre ao desespero da eutanásia. Certo é que até hoje a face da terra não está transformada. Será que nós membros da Igreja, especialmente os leigos, pela obediência a tantos outros espíritos frustramos constantemente aquilo que começou em Cristo e continuou com os apóstolos e mártires? Será que nós cristãos recebemos de fato o Espírito Santo, que deveria manifestar-se em nossas vidas? Os frutos do Espírito Santo são uma eficiente resposta ao mundo que tanto precisa de esperança e confiança, e São Paulo destaca os frutos principais: o amor, a alegria, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e a castidade. (Gl 5,22-23). Em maior destaque figura o amor ou a caridade, que é a primeira manifestação da nossa união com Cristo. É o mais saboroso dos frutos, aquele que nos faz experimentar que Deus está mais perto, e que visa aliviar o fardo dos outros. A caridade deixa transbordar para os irmãos o que Deus nos deu! Ao amor, segue-se necessariamente a alegria, “pois aquele que ama, alegra-se na união com o amado” (São Tomás de Aquino). Quanto bem não tem semeado no mundo a alegria dos cristãos! Também a alegria nas tribulações e o ‘sorriso heróico’ nos sofrimentos são possíveis pelo nosso amor a Cristo, em face da redenção da humanidade pela sua morte de Cruz! Para chegarmos a um convívio mais íntimo com o Espírito Santo, nada tão eficaz como aproximar-nos de Maria, que soube seguir como ninguém as inspirações do Divino Espírito.       
    [Fontes: ”Falar com Deus” e “A Palavra de Deus no Anúncio e na Oração” / adaptação: Dr. Wilson]

sábado, 4 de junho de 2011

LITURGIA / ANO A - SOLENIDADE DA ASCENSÃO - 05 / JUNHO / 2011

1a Leitura - At 1,1-11: Jesus foi levado aos céus, à vista deles.// 2a Leitura - Ef 1,17-23: E o fez sentar-se à sua direita nos céus.// Evangelho - Mt 28,16-20: Foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus.//

A solenidade da Ascensão que hoje celebramos diz-nos que Jesus ressuscitou para gloriosamente "subir aos céus" (1ª Leitura e Evangelho), afim de "sentar-se à direita do Pai" (2ª Leitura). A vida terrena de Jesus não termina com a sua morte na cruz, mas com a Ascensão aos céus. É o último mistério da vida de Cristo aqui na Terra. Cumprem-se agora as palavras que um dia Jesus havia dito aos discípulos: "Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (Jo 20,17).

A Ascensão é também a festa da nossa esperança: com Cristo, é a nossa humanidade que sobe até junto de Deus. O Senhor do céu leva consigo a terra redimida. Desde então, "a nossa vida está escondida com Cristo em Deus", como disse São Paulo. Nele, nossa humanidade subiu ao céu embora deva passar pela morte. Lá chegando, Cristo estabeleceu uma ponte, o ponto de chegada para nós que ainda somos peregrinos. Nele, nossa humanidade completou sua missão, culminou seu processo de transformação a partir da sua existência na carne. Nele, a nova humanidade começou a reconstruir-se como fraternidade segundo o desígnio primeiro, na justiça e no amor. Os Anjos dizem aos apóstolos que é hora de começar a imensa tarefa que os espera, e que não devem perder um só instante.

Com a Ascensão termina a missão terrena de Cristo e começa a de seus discípulos, a nossa. Estas palavras constituem um convite à realidade. A comunidade cristã não pode ficar parada a contemplar o céu, deve ir ter com os homens e, no meio deles, continuar a obra de Jesus. Sem cair numa espiritualidade irreal, que nos afastasse das nossas responsabilidades na construção dum mundo mais humano, precisamos abrir o nosso horizonte. Hoje, ouçamos de novo as palavras com que Cristo intercede diante do Pai por nós: "Não peço que os tires do mundo" e, por conseguinte, não nos tire do nosso ambiente, do nosso trabalho, da nossa família; "mas que os preserves do mal" (Jo 17,15). Porque Deus quer que cada um no seu lugar continue a tarefa de santificar o mundo para melhorá-lo e assim, serem inseridas em Cristo, as almas, as famílias, as instituições, a vida pública. As próprias normas correntes da convivência devem ser mais que somente uma atitude exterior de relacionamento social e na verdade brotar da nossa caridade interior, traduzindo um autêntico interesse pelos outros. Jesus pede aos discípulos e a nós: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Evangelho). Nesta missão, não estamos sozinhos: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." Os apóstolos, após a Ascensão, caminham de volta à Jerusalém com "grande alegria", porque mesmo sem a presença física do Mestre, Ele continua vivo e glorioso junto do Pai e simultaneamente com eles ao seu lado. De modo especial hoje nós O encontramos na Eucaristia, no Sacrário mais próximo do lugar onde vivemos e também, em nossos Irmãos.

A alegria dos apóstolos tem em si algo de paradoxal. A despedida é definitiva. A vida terrestre de Cristo está encerrada. No entanto, em lugar de falar em nostalgia ou tristeza, o texto mostra-os “cheios de alegria”. Aqui está uma afirmação autenticamente cristã baseada nas alegrias pela ressurreição, a confiança na vida eterna. Em meio a uma vida pulsante, o cristão que sempre tem uma função neste mundo, deve se alegrar e guardar o júbilo dos filhos redimidos de Deus. Nestes dias que antecedem a celebração da vinda do Espírito Santo, a “Força do Alto” que é o distintivo da Igreja, façamos também como os discípulos que permaneceram no Templo com Maria em oração, para O recebermos em plenitude!

[Fontes: "Falar com Deus", "Nas Fontes da Palavra", "L 'Osservatore Romano", "Palavra de Deus e Nova Evangelização" e "Intimidade Divina" / adaptação: Dr. Wilson]