quarta-feira, 23 de março de 2011

LITURGIA / ANO A – 3º DOMINGO DA QUARESMA – 27 / MARÇO / 2011

* A ÁGUA VIVA DO ESPÍRITO SANTO *

1a Leitura - Ex 17,3-7: "Dá-nos água para beber!" // 2a Leitura - Rm 5,1-2.5-8: "O amor foi derramado em nós pelo Espírito que nos foi dado".// Evangelho - Jo 4,5-42: "Uma fonte de água que jorra para a vida eterna".//

O coração humano, bem o sabemos, tem uma insaciável sede de felicidade e de libertação total. A sede pode adquirir significados diversos: uns materiais, outros espirituais. Temos sede de água e de carinho, de dinheiro e de felicidade, de cultura e de dignidade, de pão e de verdade, de justiça e de direitos humanos. Entretanto, apesar do constante progresso da ciência e crescimento tecnológico, surge paralelamente o aumento da auto-suficiência material do homem moderno, resultando em inevitável perda espiritual.

Como preencher o vazio interior, fruto da ausência de valores autênticos e produto do materialismo consumista? As ofertas não faltam como os tradicionais "ter" e "gastar", "a glória" e "o poder", o sexo, o álcool ou o seu ‘requinte’ atual da dependência química por drogas. E entre as ofertas de cunho moderno e pretensamente espiritual, proliferam as seitas pseudo-religiosas, muitas das quais vendem paz interior, equilíbrio emocional, autocontrole psíquico, felicidade e domínio de si mesmo a muitos incautos, desde que se submetam à indispensável lavagem cerebral. Seu fim é o desencanto ou a alienação inevitável. Por isso ficará sempre flutuando em nossa existência a intuição genial e definitiva daquele grande sedento do infinito que foi Santo Agostinho. Ao voltar-se para Deus, iniciando a redação de suas Confissões, disse em oração: "Fizeste-nos Senhor para ti; e nosso coração está inquieto enquanto não descansar em ti". Também o Salmo 41 proclama assim esta tão radical experiência: "Como a corsa deseja as águas correntes, assim minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando hei de ver a face de Deus?" Ambos os textos refletem uma inegável verdade acerca do ser humano. Deus nos fez à sua medida e só Ele pode preenchê-la com sua própria plenitude de vida. "Dá-nos água para beber" (1a Leitura), dizia a Moisés o povo devorado pela sede no deserto. Moisés, por ordem de Deus, bateu na rocha e dela jorrou água em abundância. "Aquela rocha era Cristo", afirma São Paulo (1 Cor 10,4), era a figura do Messias, fonte não de água material, mas espiritual; "água viva" oferecida não a um só povo, mas a todos os povos para que todo ser humano se sacie e não "sofra mais sede para sempre" (Evangelho).

Esta realidade é ilustrada na cena evangélica de hoje, no encontro da samaritana com Jesus que, cansado de sua viagem, havia parado e encontrava-se sentado por volta do meio-dia junto ao poço (Jo 4,6). A água do poço de Jacó só consegue saciar o homem por um curto espaço de tempo, mas a água que Jesus oferece torna-se dentro de quem a recebe, uma fonte capaz de saciar para sempre. Mas a mulher ainda não compreende o significado profundo das palavras de Jesus, ela as interpreta de um modo terreno. Ela deseja essa "água mágica" que lhe poupará para sempre o trabalho de vir, todos os dias, buscar água no poço. Qual é essa "água viva" que Jesus poderá oferecer? É a vida no Espírito Santo que nos é comunicada para tornar-se nascente do divino em nós. Deus se torna verdadeira fonte de vida a partir do momento em que Ele é comunicado aos seres humanos, como aconteceu com a samaritana após o encontro com Jesus. E ela, por sua vez, foi à cidade e comunicou ao povo com entusiasmo sua experiência: "vinde ver: não é ele o Cristo?" (Jo 4,29).

E "muitos samaritanos da cidade abraçaram a fé por causa do testemunho daquela mulher" e creram depois não mais por causa das palavras dela (ou do nosso testemunho), mas em virtude de sua própria experiência ao aproximar-se da fonte divina. "Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o salvador do mundo" (Jo 4,42). E São Paulo completa na 2a Leitura: "Por ele fomos justificados, por ele tivemos acesso pela fé a esta graça na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5,5).

[Fontes: "A Palavra de Deus no Anúncio e na Oração", "Intimidade Divina", "Nas Fontes da Palavra" e "Palavra de Deus e Nova Evangelização" / adaptação: Dr. Wilson].

Um comentário:

  1. Adorei está sendo muito útil para mim tanto no meu trabalho na pastoral da saúde quanto na minha vida. Bel

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