* Ir ao encontro de Cristo *
1ª Leitura - Is 63,16-17.19;64,2-7: “Ah! se rasgásseis os céus, se descesseis”.// 2ª Leitura - 1Cor 1,3-9: Ação de graças pelos carismas recebidos.// Evangelho - Mc 13,33-37:Vigiai, pois não sabeis quando virá o dono da casa. //
Talvez alguém já tenha tido a experiência de caminhar na noite, fixando avidamente o olhar numa luz longínqua. Como é difícil avaliar as distâncias em plena escuridão! Tanto pode haver alguns quilômetros até o lugar do nosso destino, como apenas uma centena de metros. Era essa a situação em que se encontravam os profetas quando olhavam para o futuro, a espera da redenção do seu povo. Não podiam dizer, nem com uma aproximação de cem anos ou mesmo de quinhentos, quando é que o Messias chegaria. Só sabiam que um dia a estirpe de Davi voltaria a florescer que um dia encontrariam a chave que abriria as portas da prisão; que a luz que avistavam apenas como um ponto nebuloso no horizonte haveria de ampliar-se por fim, até se transformar num dia perfeito.
A Igreja nos põe de sobreaviso com quatro semanas de antecedência a fim de que nos preparemos de novo para o Natal em que é celebrada a chegada do Senhor. Se notarmos que a nossa visão está embaçada e não distinguimos com clareza essa luz que procede de Belém, é o momento de afastar os obstáculos. É tempo de fazer com especial atenção o exame de consciência e de melhorar a nossa pureza interior para receber a Deus.
É o momento de discernir as coisas que nos separam Dele e de lançá-las para longe de nós. Como neste tempo queremos de verdade aproximar-nos mais de Cristo, examinaremos a fundo a nossa alma. Encontraremos aí os verdadeiros inimigos que se empenham sem tréguas em manter-nos afastados de Deus: "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" [1Jo 2,16]. Quando chegar o Natal, Jesus terá de encontrar-nos atentos e de alma bem disposta. Toda a existência do homem é uma constante preparação para o encontro definitivo com Cristo, que cada vez está mais perto.
Com o 1º Domingo do Advento, começaremos mais um ano litúrgico (ciclo B), durante o qual celebraremos, com espírito sempre novo, a pessoa de Jesus Cristo e sua ação salvadora. A 1ª leitura é uma súplica enfática pela vinda do Senhor: "Ah, se rasgásseis os céus, se descesseis!" É também um convite ao arrependimento e a conversão para que Deus, que sai ao encontro de quem pratica a justiça e se recorda de seus caminhos, apague nossas culpas e sejamos salvos. Esse mesmo otimismo esperançoso introduz-nos na 2ª leitura na qual São Paulo manifesta sua ação de graças a Deus pela abundância de carismas com os quais enriqueceu a vocação dos fiéis em Cristo. Sabemos em quem confiamos: "O Senhor é fiel e nos manterá firmes até o fim", se o procurarmos em oração.
No Evangelho acentua-se o tema da vigilância cristã. Para mantermos este estado de vigília é necessário lutar, porque a tendência de todo o homem é viver de olhos cravados nas coisas da terra. Especialmente neste tempo do Advento, não deixemos que os nossos corações fiquem ofuscados pelos excessos do comer, do beber e pelos negócios desta vida, perdendo assim de vista a dimensão sobrenatural que devem ter todos os nossos atos. São Paulo compara esta vigilância sobre nós mesmos com a guarda montada pelo soldado bem armado que não se deixa surpreender. Maria, que é a nossa esperança, nos ajudará a melhorar neste tempo do Advento. Ela espera com grande recolhimento interior o nascimento de seu Filho que é o Messias, e junto d'Ela será bem mais fácil preparar a nossa alma para a chegada do Senhor.
[Fontes: ''Falar com Deus", ”Nas Fontes da Palavra"," Intimidade Divina " e “L'OSSERVATORE ROMANO" / adaptação: Dr. Wilson]