terça-feira, 19 de julho de 2011

LITURGIA / ANO A – 17º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 24 / JUL / 2011

* A sabedoria do cristão *
1a Leitura - 1Rs 3,5.7-12: Pediste-me a sabedoria.// 2a Leitura - Rm 8,28-30: Ele nos predestinou para sermos conformes à imagem de seu Filho.// Evangelho - Mt 13,44-52: "Vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola".//

A Palavra de Deus, que a Igreja hoje proclama, coloca diante de nós o problema vital e sempre agudo sobre nossas decisões frente as opções que vida se nos apresenta. Assim, a 1ª Leitura relata uma manifestação de Deus em sonho ao jovem rei Salomão no início de seu reinado (972-931 a.C.), dizendo-lhe: "Peça-me o que quiser".

Salomão, dando preferência à sabedoria do que às riquezas ou mesmo a uma vida longa, pede somente inteligência para governar o povo e um coração compreensivo capaz de discernir entre o bem e o mal, o que muito agradou a Deus. Podemos perguntar-nos quais são as nossas escolhas, que critérios orientam as nossas aspirações? Que pedidos fazemos na nossa oração? Este sábio pedido de Salomão há de orientar-nos que mais vale a verdadeira sabedoria do que todos os tesouros da terra, e só Deus a pode dar. No Antigo Testamento encontramos duas figuras, "tesouro" e "pérola", aplicadas à sabedoria especialmente no livro dos Provérbios e que também são referidas por Jesus no Evangelho de hoje por meio das parábolas do ‘tesouro escondido’ (Mt 13,44), da ‘pérola preciosa’ (Mt 13,45-46) e da ‘rede lançada ao mar’ (Mt 13, 47-48).

A imagem de um tesouro escondido correspondia ao costume palestinense de enterrar coisas preciosas, especialmente em tempo de guerra. O achado de um tesouro escondido, uma pérola preciosa ou de uma rede cheia de peixes, é acontecimento que independe do cálculo direto. Não constitui somente fruto de nossa busca, mas depende também do imprevisível. Ninguém podia prever, mas havia chegado o tempo pré-determinado unicamente por Deus para que, com o nascimento de Cristo se manifestasse o Reino de Deus em meio a nós. Não é o homem que introduziu este novo tempo, mas exclusivamente a graça do Deus Salvador. Em Cristo, apresenta-se aos homens o inaudito achado: Deus e seu Reino. Chegou a era definitiva da história de Deus com os homens. É a era da sua divina entrega, definitiva e irrevogável. É a ‘plenitude dos tempos’ (Ef 1,10) que está realmente presente em Jesus, na sua maneira de agir e de ser. Aparentemente o tesouro é de graça. Entretanto, para adquiri-lo, é necessário vender tudo, abandonar tudo.

De fato a graça, o Reino de Deus nos é dado em total e absoluta gratuidade, mas só é possível receber tamanha bondade pela ilimitada generosidade de nossa entrega. A última parte do que possuímos só a venderemos e entregaremos na morte, embora esteja antecipada tantas vezes no sofrimento, no silêncio e na fidelidade da vida. "Compreendestes tudo isto?", perguntava Jesus aos discípulos. O cristão de fato é aquele que percebeu o tesouro e, correndo está se libertando de tudo para conquistar somente a nova e única riqueza. Isto não significa que todo cristão deva fugir do mundo, tornando-se eremita. Mas significa que, em tudo e contra tudo, o cristão pertence mais realmente a este tesouro do que às labutas e às alegrias da vida mortal. Se estivermos tentados a responder juntamente com os discípulos: "Sim Senhor, entendemos", então deveremos responder à pergunta: que significa o tesouro para nós? Podemos tornar-nos refratários a essa conversão, embora "aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conforme a imagem de seu Filho" (2ª Leitura).

Somos assim chamados pelo Pai para a sermos seus filhos divinos, atribuindo esta missão da nossa adoção filial à Maria, nossa Mãe espiritual. À semelhança da vida humana que precisa do ventre da mãe para se desenvolver, também o germe de vida divina infundido pelo Espírito Santo necessita do "ventre materno-espiritual" de Maria para crescer em conformidade com a imagem de Cristo, de acordo com o eterno desígnio do Pai.

[Fontes: ‘Nas Fontes da Palavra’, ‘L'Ósservatore Romano’, ‘Palavra de Deus e Nova Evangelização’, ‘Intimidade Divina’ e ‘A Palavra de Deus no Anúncio e na Oração’ / adaptação: Dr. Wilson]

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