* A Providência Divina *
1aLeitura - Is 55,1-3: Apressai-vos e comei!// 2a Leitura - Rm 8, 35.37-39: Ninguém poderá nos separar do amor de Cristo.// Evangelho - Mt 14,13-21: Todos comeram e ficaram satisfeitos.// A liturgia da Palavra deste domingo fala sobre o tema da Providência Divina que se inclina com amor sobre as necessidades do homem. Ponto de partida é o convite divino, por meio do profeta Isaías, aos hebreus exilados na Babilônia (1ª Leitura) para não retardarem sua volta à pátria porque Deus liberalmente proverá suas necessidades: "Vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite sem nenhuma paga". Além das necessidades materiais dos homens, Deus proverá também as espirituais: "Ouvi-me e tereis vida; farei convosco um pacto eterno, manterei fielmente as graças prometidas a David".
Deus estabelecerá uma aliança eterna com seu povo por meio de seu Filho Jesus, o messias. Nele, portador do reino dos céus para uma humanidade que peregrina no deserto, o amor de Deus quer saciar todas as necessidades humanas. No Evangelho, Cristo realiza as promessas anunciadas na 1ª Leitura, respondendo aos apelos da multidão que o seguia. Os discípulos alertam Jesus sobre o avançado da hora e para a solidão do lugar, pedindo-lhe que despeça o povo para que tivessem tempo de voltar à cidade e comprarem o necessário para a refeição da noite. Era uma multidão que se encontrava em situação real de pobreza.
Refletindo como se encontra este cenário no mundo atual vemos que o quadro não melhorou e, pelo contrário, continua grande em termos absolutos e relativos. Estima-se na atualidade que aproximadamente dois terços da humanidade esteja subalimentada, o que representa o número impressionante de quatro bilhões de pessoas. As carências da humanidade incluem além da fome alimentar, fome de trabalho e de moradia, de dignidade pessoal e de cultura, de estima e afeto, de paz e liberdade, de espírito e religião. Fome total, fome de absoluto e, numa palavra, fome de Deus.
A sociedade moderna apresenta novos estados de pobreza: anciãos solitários, enfermos terminais, crianças sem família, mães abandonadas, delinqüentes, drogados, alcoolistas e tantos outros! Frente à sugestão dos discípulos para despedir a multidão, poderia a pregação de Cristo terminar nesta solução: ‘Despede-os?’ A resposta de Jesus desconcerta os apóstolos: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer!’ (Mt 14,16). Deixemos que o eco dessas palavras continue ressoando por muito tempo em nossos ouvidos interiores. O amor ativo de Deus manifesta-se através de mãos humanas.
Os pães não caem do céu. Apesar dos discípulos reconhecerem sua impotência para alimentar ‘cinco mil homens sem contar mulheres e crianças’, são eles que trazem os pães e os peixes e os colocam nas mãos de Jesus, que multiplica em muitas e muitas vezes a participação dos operários da messe. O ápice do relato é atingido no v.19 onde Jesus ordena à multidão que se sente na relva e tomando os cinco pães e dois peixes ‘ergueu os olhos aos céus, pronunciou a benção e partindo deu aos seus discípulos’.
O paralelismo com a fórmula empregada na última ceia e na celebração eucarística é bastante claro. ‘Trabalhai, não somente pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna que o Filho do homem vos dará’ (Jo 6,26s). Quem segue decididamente a Cristo, encontra nele tudo o que necessita para a vida terrena e para a vida eterna. Mas cumpre segui-lo com fé inabalável, apoiada no anúncio vibrante do Apóstolo: ‘Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?’ (2ª Leitura). Nem as adversidades da vida pessoal, nem os trabalhos enfrentados no apostolado, poderão arrancar o discípulo de seu Mestre, porque está convicto que o amor de Cristo, com a mediação de Maria, lhe dará forças para superar qualquer dificuldade.
[Fontes:’ L' ÓSSERVATORE ROMANO’, ‘Nas Fontes da Palavra’, ‘Palavra de Deus e Nova Evangelização’,’Intimidade Divina e ‘A Palavra de Deus no Anúncio e na Oração’ / adaptação: Dr. Wilson]