* Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! *
1a Leitura: At 6,1-7: Escolheram sete homens repletos do Espírito Santo.// 2a Leitura: 1 Pd 2,4-9: Vós sois a raça escolhida, a nação santa.// Evangelho: Jo 14,1-12: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.// A liturgia da Palavra deste domingo se mantém centrada nos primeiros passos da Igreja. Neste cenário, encontramos um grupo unido de fiéis peregrinando para Deus, guiados por Cristo que é Caminho, Verdade e Vida. Continuamos a ler os Atos dos Apóstolos (1ª Leitura) no momento em que surge uma crise séria, ofuscando a unidade em que viviam os primeiros cristãos. Embora os membros da comunidade de Jerusalém fossem todos judeus, diferenciavam-se na língua e cultura. Uns eram judeus palestinos falando o hebraico, outros oriundos de regiões mais distantes falando o grego, língua comum no império romano do Oriente. Estes últimos queixavam-se de que suas viúvas não eram atendidas devidamente na distribuição diária dos gêneros aos necessitados, sugerindo existir uma discriminação social. Então os apóstolos propuseram à comunidade que escolhessem sete homens livres de qualquer suspeita para serem encarregados da tarefa de administração e distribuição dos bens, e lhes impuseram as mãos orando. Surgia assim um novo ministério na Igreja identificado como o Diaconato, que mais tarde incluiria além da administração material, as atividades de evangelização como o faziam Estevão e Felipe relacionados neste grupo. As lições atuais do episódio são múltiplas. Se por um lado é a comunidade que democraticamente escolhe e propõe os candidatos, são os Apóstolos que lhes impõem as mãos associando-os ao seu ministério. Tal gesto traz o carisma vertical (que vem do alto) ou graça do Espírito Santo, sendo assim instituído o serviço pastoral da Igreja. Esta passagem também nos revela um processo inicial de organização da Igreja e uma distribuição de responsabilidades conforme ia crescendo e amadurecendo a comunidade cristã. Entretanto não se trata de apenas uma mera eficácia administrativa empresarial. Ela tem sua raiz na consciência de que a comunidade cristã é povo escolhido e vocacionado para Deus, para servi-lo em santidade como um povo que lhe dá culto em espírito e verdade.
Os membros deste povo não são um número de estatística, mas as pedras vivas que compõem o edifício da Igreja, cuja pedra fundamental é Cristo ressuscitado (2ª Leitura). Amparados pela maternidade espiritual de Maria, este grupo unido de fiéis que compõem a Igreja peregrina, é conduzido através dos tempos por Jesus Cristo que se revela caminho, verdade e vida (Evangelho).
O tema do caminho ocupa um lugar de destaque em nosso dia-a-dia: ‘quero alcançar esta meta’; ‘errei o caminho’; ‘acho que ando por um bom caminho!’ Tais expressões nos mostram que temos mesmo uma vida itinerante. De fato elas destacam o que de mais valioso desejamos: o anseio de alcançar uma realização profissional, uma plenitude de vida. Quando se tratam de metas limitadas, de objetivos parciais como, por exemplo, uma vitória esportiva, uma promoção profissional, isto ainda que difícil talvez não acarrete situações dramáticas duradouras. Porém a questão se complica quando o objetivo é dar uma direção total e definitiva, um objetivo transcendente à própria existência. Nesta situação se encontravam os discípulos de Jesus, inquietos e perturbados como Tomé no Evangelho de hoje: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” Como proposta de fé, Jesus se mostra a eles e a nós, como meio que necessitamos para alcançar este fim transcendente, a meta definitiva de nossas vidas, o eterno... Crer em Cristo é, portanto, caminhar com Ele até a uma meta que não está em nossas mãos conseguir. Crer em Cristo é ver nele o Pai, é descobrir em suas palavras e obras, o amor misericordioso de Deus. Desde que o Filho de Deus se fez homem, não se pode mais falar de Deus sem mencionar Jesus, pois ele é a imagem visível do Pai. É reconhecer a Deus em Jesus de Nazaré. E onde nós hoje podemos melhor reconhecer a Cristo do que em nossos irmãos, conforme as palavras dele mesmo?
[Fontes: ‘L’ OSSERVATORE Romano’, ‘Palavra de Deus e Nova Evangelização’ e ‘Nas Fontes da Palavra’ / adaptação: Dr. Wilson]
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