Dos ramos verdes de festa, à paixão e morte de cruz!
1a Leitura - Is 50,4-7: Não ocultei o rosto aos insultos.// 2a Leitura – Fl 2,6-11: Humilhou-se a si mesmo, por isso Deus o exaltou acima de tudo. // Evangelho - Mt 27,11-54: Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus.//
Toda a atividade espiritual da Quaresma, que está a terminar, teve como objetivo preparar os cristãos para viverem intensamente a Semana Santa que nos conduz à Páscoa. Esta semana abre-se com a recordação da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. Jesus que sempre fugira a toda manifestação pública de ser proclamado rei (Jo 6,15), hoje se deixa conduzir em triunfo. Só agora, às vésperas da morte, aceita ser publicamente aclamado como messias, rei e vencedor. Aceita ser reconhecido rei, mas rei com características inconfundíveis: humilde e manso. Ao entrar na cidade santa montado num jumento, proclamará sua realeza diante dos tribunais e aceitará que seja imposta a inscrição de rei só na cruz. Hoje, Jesus quer também entrar triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria humilde para darmos testemunho dele com o nosso comportamento.
Já na 1a Leitura, entrevemos no “Servo de Javé”, a figura de Jesus: não resistiu nem recuou diante dos que lhe batiam e o insultavam. Ao ouvirmos depois o relato do Evangelho de hoje, podemos dizer que se cumpre “o que estava escrito acerca dele”. Na seqüencia da 1a Leitura, o Salmo de Meditação escolhido é o Salmo 21, que Jesus rezou quando estava pregado na cruz. Ao fazermos nossos os sentimentos de Cristo, procuramos identificar-nos com Ele. O cristão há de saber descobrir na própria vida, a maneira de participar na obra redentora que começa com a Paixão de Cristo. Por isso, mesmo nas dificuldades, temos coragem para louvar a Deus.
A 2a Leitura constitui um hino de louvor em honra ao Filho de Deus. Aí se evoca o mistério da humilhação e da exaltação de Jesus. O ‘homem das dores’, que tomou a condição de escravo e obedeceu até a morte humilhante, é o Senhor, diante de quem se dobram todos os joelhos: “Por isso Deus o exaltou”! Este mistério prolonga-se na nossa vida: ao aspirarmos à exaltação, não podemos esquecer o caminho da humilhação que se nos apresenta sob aspectos muito variados.
Finalmente o Evangelho da Paixão. Nós sabemos agora que aquela entrada triunfal foi bastante efêmera. O ‘hosana’, entusiástico transformou-se cinco dias mais tarde, num grito furioso: “Crucifica-o!”. Como eram diferentes umas vozes e outras que diziam: - “Bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas!.. e logo depois, “Fora, fora, crucifica-o”. Como são diferentes as vozes que agora o aclamam rei de Israel e dentro de poucos dias dirão: “Não temos outro rei além de César”! Como são diferentes os ramos verdes… e a cruz; as flores… e os espinhos! Aquele à quem estendiam as próprias vestes, dali a pouco o despojam das suas e “lançam a sorte sobre elas”.
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém pede-nos coerência, perseverança e aprofundamento da nossa fidelidade, para que os nossos propósitos não sejam luz que brilha momentaneamente e logo se apaga. Sabemos que a Paixão continua em nós, mas, por medo e fraqueza, nem sempre a aceitamos. Pretendemos alcançar a Ressurreição, sem termos passado pelos caminhos de calvário. Sonhamos com generosidades heróicas, mas temos medo da pequena cruz de cada dia: o nosso dever, o perdão generoso, a persistência no trabalho difícil, a aceitação da doença e da debilidade, o testemunho da caridade efetiva, a compreensão recíproca. Se queremos ter em nós a vida divina, triunfar com Cristo, devemos ser constantes e retirar tudo o que nos afasta de Deus e nos impede de acompanhar o Senhor até a cruz.
Maria também está em Jerusalém, perto de seu Filho, para celebrar a Páscoa, a última Páscoa judaica e a primeira Páscoa em que o seu Filho é sacerdote e vítima. Não nos separemos de Maria. Nossa Senhora nos ensinará a sermos constantes e a crescer continuamente no amor por Jesus. Permaneçamos ao seu lado para contemplar com ela a Paixão, a Morte e a Ressurreição de seu Filho, porque não encontraremos lugar mais privilegiado...!
[Fontes: "L 'Osservatore Romano", "Palavra de Deus e Nova Evangelização", "Falar com Deus" e "Intimidade Divina" / adaptação: Dr. Wilson]
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