* A lei do amor mútuo! *
1a Leitura - Ez 33,7-9: Se não advertires o ímpio, eu te pedirei contas da sua morte.// 2a Leitura - Rm 13, 8-10: O amor é o cumprimento perfeito da Lei.// Evangelho - Mt 18,15-20: Se ele te ouvir, tu ganharás o teu irmão. //
A liturgia deste domingo leva-nos a refletir de que maneira nos relacionamos com os irmãos: ‘Não tenhais dívidas para com ninguém a não ser a do amor mútuo’ [2a Leitura]. Eis a grande dívida que cada pessoa deve apressar-se em pagar; dívida por ser o amor recíproco exigência da natureza humana e porque o próprio Deus quis resguardar tal exigência com um mandamento extremamente importante, resumo de toda a lei: ‘Quem ama o próximo cumpriu a lei’. No amor para com Deus e para com o próximo está encerrada toda a Lei. Todos os preceitos que regulam as relações humanas culminam no amor. Amor ordenado não só para o bem material dos irmãos, mas ao mesmo tempo também para seu bem espiritual e eterno. Quando Deus perguntou a Caim, o homicida: ‘Onde está teu irmão Abel?’, Caim responde: - ‘Não sei. Acaso sou o guarda de meu irmão?’ (Gn 4,9). Esta resposta é o protótipo da atitude do "Caim dissimulado" em todo o coração humano. Porque, de muitas maneiras, por ação ou omissão, somos responsáveis pela vida de nosso irmão ou culpados por irresponsabilidade. Nesse contexto se prende a 1ª Leitura. Deus constitui Ezequiel como sentinela de seu povo e lhe diz: ‘Se não advertires o ímpio para que ele mude de procedimento, ele morrerá por causa de seu pecado, mas de ti exigirei o preço de seu sangue’. Esta obrigação de Ezequiel não é fácil. Por um lado pode atrair-lhe perseguições e vinganças daqueles a quem denuncia por suas más ações; por outro, se não cumpre o seu dever, ele é responsável pela relutância do ímpio em mudar de conduta. Não faltam na história do Povo de Deus e da Igreja, casos de profetas, apóstolos, discípulos, sacerdotes, consagrados (as) e cristãos leigos autênticos que pagaram com a vida a fidelidade a esta missão. É sempre grande a responsabilidade de quem recebeu tarefa semelhante: pastores do povo de Deus, superiores religiosos, pais e mães de família, educadores, os quais guardam com zelo o seu "rebanho", grande ou pequeno que seja. O medo de ser repelido, de perder a popularidade ou de vir a ser tachado de intransigente, não justifica o "lavar-se as mãos". Quem ama não sossega enquanto não acha meios de se chegar ao culpado e admoestá-lo com firmeza, mas também com bondade. O Evangelho estende este dever a todo o fiel que vir o irmão cair em pecado: "Se teu irmão vier a pecar, vai e repreende-o a sós. Se ele te escutar, terás ganho o teu irmão". Primeiramente deve a admoestação ser secreta, a fim de tentar preservar a dignidade do suposto culpado. Infelizmente na prática, com freqüência, fala-se e murmura-se junto de outras pessoas publicando o que estava oculto, enquanto pouquíssimos tentam conversar de modo particular com o interessado. Que adianta discutir uns com os outros a doença de alguém se não buscamos curar o doente? Cumpre, ao contrário, procurar recuperar o irmão. Sua perda é um dano para si e para a comunidade, mas a reconquista é vantagem para todos. Ao se descobrir em todo ser humano, pela nossa fé cristã um irmão (ã) em Cristo, devemos agir sempre de modo solidário no amor fraterno, porque essa é a grande dívida que cada pessoa deve apressar-se em pagar: ‘Não tenhais dívidas para com ninguém a não ser a do amor mútuo'.
[Fontes: "Palavra de Deus e Nova Evangelização", "L'OSSERVATORE ROMANO", "Intimidade Divina" e nas "Fontes da Palavra" / Adaptação: Wilson].