* Agir com os sentimentos de Cristo Jesus *
1a Leitura - Ez 18,25-28: Quando o ímpio se arrepende da maldade que praticou, conserva a própria vida.// 2a Leitura - Fl 2,1-11: Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus.// Evangelho - Mt 21, 28-32: Qual dos dois filhos fez a vontade do pai? //
A liturgia de hoje apresenta Deus em diálogo com o homem para ajudá-lo a entender a justiça que procede das suas recomendações para uma autêntica e perseverante adesão ao bem. "Ouvi, vós da casa de Israel: é a minha conduta que é correta ou, antes, é a vossa conduta que não é correta?", indaga Deus por meio do profeta Ezequiel ao povo judeu (1ª Leitura). Se o justo abandona o bem para "cometer iniqüidade" não pode imputar a Deus o seu erro, pois será fruto de sua própria inconstância e má índole: "Assim, pois, é segundo o vosso próprio proceder que julgarei cada um de vós" (Ez 18,30). Enquanto viver, o homem terá sempre a possibilidade de converter-se, quer tenha passado seus anos longe de Deus, quer tenha cedido ao mal depois de haver praticado o bem por algum tempo. O importante para todos é aceitar a presença de Deus em suas vidas e decidir perseverar no bem. Também o Evangelho de hoje inicia-se com a interrogação dirigida por Jesus a seus adversários, para provocá-los a dar uma resposta que os esclarecesse a si mesmos, acerca de seu mau comportamento: “Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe:- Meu filho vai trabalhar hoje na vinha. Respondeu ele:- Não quero. Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi. Dirigindo-se depois ao outro, disse-lhe a mesma coisa. O filho respondeu:- Sim, pai! Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?” O primeiro, responderam-lhe, e com esta resposta condenaram-se a si mesmos após ouvir Jesus dizer com toda a clareza: "Os publicanos e as prostitutas vos precederão no reino de Deus." Mas por quê? Porque os sumos sacerdotes, adversários de Cristo, sendo os primeiros a serem chamados por Deus, dão uma resposta mais aparente que real, tornando-se aqueles mesmos dos quais Jesus afirmou: "Dizem e não fazem" (Mt 23,3). Ouviram a pregação de João Batista, mas não acreditaram. Demasiado seguros de sua ciência e de não necessitar aprender, por demais seguros de sua justiça e de não necessitar converter-se. Não aceitaram a palavra de João Batista e nem a de Jesus e assim vêem-se classificados surpreendentemente depois de pessoas de vida torpe, como os publicanos e as prostitutas que creram, se arrependeram, afastaram-se de suas maldades e praticaram a justiça. Por isso foram acolhidos no reino de Deus, como os exemplos do cobrador de impostos Zaqueu, da mulher adúltera ou da pecadora na casa de Simão que se lança chorando de arrependimento aos pés de Cristo. Se os adversários de Jesus não creram na sua palavra foi, sobretudo pelo orgulho, o maior obstáculo para a aceitação do Filho de Deus. Vem por isso, a propósito, a exortação de São Paulo à humildade na 2ª Leitura: "Tende vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus: Ele, de condição divina, esvaziou-se de si mesmo, assumiu a condição de servo e tomou a semelhança humana." Se o Filho de Deus se humilhou ao ponto de tomar sobre si os pecados da humanidade, será muito pedir aos homens e mulheres que se humilhem até reconhecer o seu orgulho e seus pecados?
[Fontes: “L' OSSERVATORE ROMANO”, “Nas Fontes da Palavra” e “Intimidade Divina” / adaptação: Dr. Wilson]